quinta-feira, 8 de novembro de 2012

UNIVERSO É UMA MÃE DE MEIA IDADE.


Universo produz cada vez menos estrelas

Português David Sobral dirigiu investigação internacional

2012-11-07
Por Luísa Marinho

David Sobral, da Universidade de Leiden (Países Baixos)
David Sobral, da Universidade de Leiden (Países Baixos)
A taxa de formação de novas estrelas é apenas de um trigésimo do que já foi. Esta é a conclusão de um estudo internacional agora publicado na«Monthly Notices of the Royal Astronomical Society». Dirigida pelo português David Sobral (Universidade de Leiden, Países Baixos), a investigação só possível realizar-se devido aos avanços técnicos recentes nos instrumentos de observação e medição.
Em conversa com o «Ciência Hoje», o investigador explicou que desde há 20 anos os cientistas tentam perceber qual a “taxa de natalidade estelar em termos globais no Universo”. O maior problema até há cinco anos “era a forma de o fazer”.

Quando olhamos a uma grande distância, estamos a receber informação de há muitos mil milhões de anos. O problema é que a expansão do universo faz com que a luz que sai das galáxias se propague e chegue até nós com uma energia diferente”, explica.
Mesmo assim, já se tinha percebido que no passado o universo era mais activo, mas, devido meramente a uma questão técnica, não se estava a olhar para o mesmo indicador, a mesma assinatura.
O que fazemos é procurar pelas assinaturas estelares e estas mudam em termos de energia. Até há relativamente pouco tempo não havia instrumentação para seguir o mesmo indicador à medida que esse se ia deslocando para energias diferentes”. A fotografia da evolução da taxa de formação de estrelas do universo “era extremamente desfocada”.
Mas isso mudou com a construção de câmaras fotográficas que são capazes de detectar fotões de infravermelhos e conseguem olhar para áreas do céu suficientemente grandes, “permitindo seguir uma assinatura muito clara das estrelas que se estão a formar”, como é o caso do Telescópio Subaru, no Havai, que foi utilizado para este estudo juntamente com UK Infrared Telescope e o Very Large Telescope.“Com a ajuda de filtros e uma técnica bem planeada conseguimos seguir as assinaturas”.
Utilizando, então, as novas medições, “que dão a 'taxa de natalidade' de estrelas no Universo, ou o 'PIB cósmico', foi possível fazer uma previsão em relação ao total de estrelas que existem a cada momento do Universo desde há 11 mil milhões de anos e para qualquer idade no futuro”.
A 'crise' da produção de estrelas
A 'crise' da produção de estrelas
A previsão mostra “que se o declínio na formação estelar continuar a ser igual ao que tem sido desde há 11 mil milhões de anos, só será possível o Universo criar, no máximo, cinco por cento de estrelas a mais do que as que existem hoje, mesmo que se espere eternamente”.
A principal questão que se levanta agora aos cientistas é “o porquê de haver cada vez menos estrelas há medida que o tempo avança”.
Existem algumas pistas”, esclarece David Sobral. “O gás – a matéria-prima da formação de estrelas – existe em menor quantidade. Mas parece que não é só uma questão de matéria-prima; é também a maneira como este gás consegue ou não chegar até às galáxias. No passado era muito mais fácil, pois parecia haver canais directos que levavam este gás até ao disco das galáxias, o que fazia com que fosse processado muito rapidamente. Hoje em dia parece mais difícil”.
Não se sabe até que ponto tem a ver com a matéria-prima ou o ambiente em que viviam e vivem as galáxias.“Há muitas questões ainda em aberto”, conclui.
Fonte: Ciência Hoje 
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